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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Crónica de Manuel António Pina no JN

A notícia veio em tudo o que é jornal e TV: uma professora da Escola EB 2,3 Sá Couto, em Espinho - que dezenas de alunos seus consideram "a mais espectacular da escola" e uma "segunda mãe" - foi suspensa "após afirmações de cariz sexual". A suspensão foi ditada pelo Conselho Directivo depois de duas alunas terem gravado afirmações suas numa aula, alunas que, segundo vários colegas, "fizeram aquilo de propósito e provocaram a conversa toda porque sabiam que estavam a gravar".
A Associação de Pais e a DREN acharam muito bem. Ninguém, nem pais, nem Conselho Directivo, nem DREN "acharam mal" o facto de duas jovens de 12 anos terem cometido um crime (se calhar encomendado) para alcançarem os seus fins. O Código Penal pune com prisão até 1 ano "quem, sem consentimento, gravar palavras proferidas por outra pessoa e não destinadas ao público, mesmo que lhe sejam dirigidas", punição agravada de um terço "quando o facto for praticado para causar prejuízo a outra pessoa". Educadas desde jovens para a bufaria e a delinquência e sabendo que o crime compensa, que género de cidadãos vão ser aquelas miúdas?

1 comentário:

Aires Montenegro disse...

Uma vez mais o Pina é certeiro! O que se passou, decerto é diferente do que se noticiou, embora condene a forma de actuar assim numa aula. Mas... gravar? Daqui a pouco não podemos dizer um segredo a ninguém. Isto não se assemelha ao "Big Brother" do Orwell? Assusto-me quando vejo na TV psicólogos e psiquiatras a acharem bem o terem gravado aquilo, porque no limite... Então, no limite, deixa de haver estado de direito: faço justiça pelas minhas mãos!